Comunicação e Inovação

Reinventar para Crescer.

Publicado em 8 de setembro de 2011 por admin

Cirque du Soleil - Um dos maiores cases de reinvenção da atualidade

Guy Laliberté, ex-acordeonista, ex-equilibristra em perna-de-pau e ex-engoli
dor de fogo, é hoje o CEO de uma das principais exportadoras do Canadá, o
Cirque du Soleil. Criada em 1984, por um grupo de artistas de rua, as produ-
ções do Cirque já foram vistas por quase 40 milhões de pessoas em 90
cidades em todo o mundo. Em menos de 20 anos, o Cirque du Soleil
alcançou nível de receita que o campeão mundial da indústria circense
havia atingido após 100 anos de atividades. O que torna a proeza ainda
mais notável é que esse crescimento fenomenal não ocorreu num setor
atraente. Ao contrário, sucedeu num setor decadente, cujo baixo potencial
de crescimento era ponto de destaque nas análises estratégicas

tradicionais.

Cinco passos para a Reinvenção:

Uma análise detalhada da trajetória do Cirque du Soleil nos mostra alguns
passos estratégicos que o Cirque adotou para alcançar a reinvenção:

1- cortou custos

- Animais

- Três picadeiros

- Palhaços e domadores famosos

2- tirou o que era decadente (no circo)

- Bancos duros

- Serragem no chão

3- ficou com o que tinha de melhor (do circo)

- Palhaços (mais humorados do que pastelão e bem mais refinados)

- Lona do circo (nostalgia) a despeito de muitos espetáculos serem em
auditórios alugados

- diversão e vibração

4- introduziu “Inovação de Valor” (teatro)

- A sofisticação intelectual e a riqueza artística do teatro

- O espetáculo com enredo e história

Musicalidade e dança

5- Aumentou o valor do ticket

- Com a introdução do teatro o Cirque du Soleil conquistou um
outro público: adultos freqüentadores de teatro, que estavam dispostos
a pagar por um ticket maior.

Criação de um espaço de mercado inexplorado

O Cirque du Soleil rompeu a regra das melhores práticas do setor circense,
alcançando ao mesmo tempo diferenciação e baixo custo, mediante a
reconstrução de elementos em ambos os lados das fronteiras setoriais
vigentes. Assim o Cirque du Soleil ainda é realmente um circo, depois
de tudo que eliminou, reduziu, elevou ou criou? Ou é um teatro? E se for
um teatro, de que tipo – espetáculo da Broadway, ópera, balé? Não
está claro. O Cirque du Soleil estabeleceu elementos específicos,
envolvendo todas as suas fontes de  inspiração, mas não é nenhuma
delas em sua completude. E assim criou um espaço de  mercado
inexplorado, que até agora ainda não havia sido denominado. O Cirque
du Soleil não se esforça para oferecer um circo melhor, mediante a
recombinação dos conhecimentos e tecnologias existentes sobre
atos e performances. Ao contrário, se  empenha em reconstruir os
atuais indutores de valor para os compradores, a fim de criar

uma nova forma de entretenimento que ofereça a vibração e a
diversão do circo com a sofisticação intelectual do teatro.

A arte de reinventar-se

Depois de assistir alguns espetáculos do Cirque du Soleil nos USA
e ler alguns livros que narram sua espetacular trajetória, pude identificar
pelo menos seis diretrizes adotadas que ajudaram o Cirque du Soleil a promover
a reinvenção:

1- Criatividade é o combustível da reinvenção

Walt Disney, um homem de criatividade indiscutível, disse certa vez em
uma palestra que a criatividade é a mesma coisa que um exercício físico:
quanto mais você malha um músculo, mais ele se desenvolve.

2- Inove: sem inovação não haverá reinvenção

Para William Ford Jr. “inovação” é bússola e estratégia essencial para o
futuro da Ford. Para Steve Ballmer inovação é o único meio para satisfazer
os clientes cativos da Microsoft e manter os concorrentes sob controle.

3- Estar sempre aberto às “novas idéias”

A GE está investindo em cerca de cem projetos de “ruptura da imaginação”,
a fim de conduzir o crescimento por meio da inovação e reinvenção constantes.

4- As dificuldades operacionais e tecnológicas devem ser encaradas como
desafios e não impossibilidades.

O espetáculo “O”, cuja execução foi de grande dificuldade operacional e
tecnológica, por ser realizado sobre as águas e não em solo firme, se
tornou um dos espetáculos do Cirque du Soleil mais concorridos em Las
Vegas. Se o Cirque du Soleil é considerado a reinvenção do espetáculo,
“O” pode ser considerado a reinvenção da reinvenção.

Observe o que diz a Presidente da Divisão de Conteúdo Criativo do
Cirque du Soleil: “Ah, temos prazos e orçamento sim, e como! Sem eles,
creio que não teríamos nem metade da nossa criatividade. São eles que
nos obrigam a criar soluções que do contrário jamais nos ocorreriam.
É incrível a capacidade de motivação que os limites de tempo,

dinheiro e recursos podem ter. Algumas das nossas idéias mais inspiradas
surgiram das mais espartanas situações.”

1- Trabalho em Equipe

Atletas, principalmente ex-ginastas, estão habituados às competições
e a ginástica olímpica é um esporte basicamente individual. Trabalham sozinhos
e querem sempre ganhar e chegar em primeiro lugar. O grande desafio do Cirque
é fazer atletas trabalharem em equipe e entenderem que só há vitória se todos
chegarem juntos.

“Precisamos transformar o indivíduo num membro da equipe com quem todos
os outros podem contar e, literalmente, colocar a própria vida em suas mãos” –
Treinador do Cirque du Soleil .

“Você vai ver os cartazes dos nossos espetáculos espalhados pelo prédio inteiro.
É importante lembrar às pe[Dê-lhes] algo melhor”.ssoas que, qualquer que seja a
sua função no Cirque du Soleil – sejam acrobatas ou contadores – é por esses shows
que elas fazem o que fazem. Isso ajuda a manter a motivação da equipe.” –
Presidente Divisão de Conteúdo Criativo – Cirque du Soleil.

1- Ofereça mais do que seu cliente está esperando

Samuel “Roxy” Rothapfel revolucionou o conceito de salas de cinema
nos USA entre 1914 e 1920. Antes dele sala de cine era sinônimo de um
ambiente comum, com paredes frias, bancos duros e uma tela branca na
frente. Se hoje temos o conforto e o entretenimento que as salas dos
cinemas atuais oferecem, devemos isto a Roxy. Ele certa vez observou:

“Dar às pessoas o que elas querem é um erro crasso e desastroso.
Elas não sabem o que querem…

Por tudo o que vimos neste estudo de caso não é difícil de constatar
porque o Cirque du Soleil foi considerado a “reinvenção do espetáculo”.

Eles estão sempre surpreendendo seus clientes oferecendo mais do
que eles estão esperando.

Esta tem sido a sensação da maioria dos que já presenciaram um
espetáculo do Cirque du Soleil.

Conclusão:

Qual a relevância deste estudo de caso para o setor de transportes?

Fazer benchmark , isto é, analisar o que empresas fora do nosso setor
tem feito para crescer, mudar e evoluir, é uma técnica salutar e que
deveríamos exercitá-la com mais freqüência.

Como “reinvenção” é algo que pode ser aplicado tanto no âmbito pessoal como
no profissional, que tal encararmos o desafio proposto por este case e sermos
os protagonistas da reinvenção do nosso negócio, da nossa empresa e por que
não, até de nós mesmos?